quarta-feira, 17 de junho de 2015

Diz que agora é proibido vender cerveja e vinho a menores de 18 anos.

Por Ana


Sou absolutamente contra esta medida. E não, não tenho menos de 18 anos.
Vou contar-vos uma história. Eu venho da terrinha. Digo terrinha como quem diz que é uma cidade (sim, cidade) relativamente pequena. E na minha terrinha há mentalidades muito fechadas. Ou pelos menos antes havia, agora nem tanto. 
Resultado? Os miúdos eram muitas vezes proibidos de tudo e mais alguma coisa. Mimados que dói, e revoltados pois claro.
O que é que aconteceu a muitos dos meus colegas quando foram para a faculdade, para uma cidade diferente e sem os pais por perto? Não é muito difícil adivinhar. Fizeram tudo o que não lhes foi permitido fazer em putos. E muitas vezes não corre bem, porque o ano da faculdade acaba por ir à vida como consequência das noites loucas no Urban e a dormir na cama do não-sei-das-quantas que conheceram no bairro alto e que lhes vendeu um saco de erva de má qualidade.
Lembro-me que tinha colegas que os pais não as deixavam passar uma noite em casa de uma amiga, não saíam à noite com 17 anos e eram completamente controladas pelos pais. O que verifiquei é que muitas dessas miúdas quando se apanharam sozinhas não souberam lidar com tudo aquilo que não haviam feito na altura adequada. 
E o que é que isso tem a ver com a cerveja e com o vinho? Tudo e mais alguma coisa.
Acho uma valente estupidez. Primeiro porque todos nós sabemos como os adolescentes vão continuar a ter acesso a este tipo de bebidas. Depois, será que é certo proibi-los de tocar em álcool até aos 18 anos? Além disso, quando chegarem aos 18 anos, poder acontecer-lhes como aconteceu às minhas colegas da terrinha. Ou então não. Não importa. O que importa é que experimentar faz parte a adolescência. Repito: adolescência. E não da idade adulta. Claro que na idade adulta também se experimentam outras coisas. Mas neste caso, acho mesmo que adolescência é crucial neste tipo de assuntos. E não, não estou a incentivar que se vão encharcar de Super Bock só porque estão na altura de experimentar.  Mas é nessas idades que o nosso cérebro se vai desenvolver e criar as bases necessárias para a vida adulta. 
Mas vá, deixem lá. Se conseguirem implementar mesmo esta medida com resultados visíveis, o que eu duvido, talvez daqui a algum tempo teremos uma nova geração de pseudo-adultos de 18 anos a tender para o alcoolismo e outras coisas que tais. Ou não, não sei...Estou a divagar. 

3 comentários:

  1. Concordo!! Toda a gente sabe que o fruto proibido é o mais apetecido. Isso, independentemente das situações de caloiros fora da terrinha. Eu sei que quando passei por isso, comecei a fumar com 15 anos e era proibido vender tabaco a menores de 16 anos. As 1ªs vezes que fui comprar tabaco, despoletava uma espécie de injecção de adrenalina por saber que era ilegal. Vai ser assim com isto... Estou é para ver as multas que as discotecas vão ter que pagar... Uiiii... Vai ser um fechar de espaços lindo...

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  2. Parece-me que não li mal, mas a dita lei proíbe a venda a menores de 18 anos e não proíbe o consumo.
    No dia que banirem as bebidas alcoólicas muitas pessoas aprenderão a fazer vinho, cerveja e aguardente a partir de coisas inacreditáveis. Além do mais, o fruto proibido é sempre o mais apetecido.

    Basicamente, os "putos" vão ter de pagar o favor a alguém mais velho para lhes comprar o espírito da festa, e temo que quem legisla dedique tão pouco tempo a ponderar as reais consequências de meia dúzia de artigos escritos numa bancada longe, muito longe dali, só porque sim, porque era 2ª feira do 1º semestre e era preciso apresentar uma proposta nova para ficar bem.

    É parecida com aquela coisa das imagens do tabaco, que devem ter sido inspiradas durante uma viagem de algum boy à América do Sul, onde por lá se vendem os ditos maços com imagens de muito mau gosto. Ninguém fuma menos, até fumam mais variedade de ... Mas podemos imitar ainda mais a fundo e até já estivemos mais longe: vender não maços mas cigarros individuais porque a malta não tem mesmo dinheiro, porque é difícil ter dinheiro em países com bem mais de 30% de desemprego, apesar dos cada vez menos que trabalham baterem nas 60 horas semanais pelo menos, e longe, muito longe dos resorts, esses sonhos e leis douradas são uma miragem que só poderia ser sonhada por quem nunca saíu dos palácios alcatifados.

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  3. De um ponto de vista social, concordo com tudo o que disseste. Também tenho bastantes amigas que, assim que se viram livres da "terrinha" e do controlo dos pais, aproveitaram para fazer tudo e mais alguma coisa. Do ponto de vista da saúde, concordo plenamente com esta lei. Como futura profissional de saúde tenho conhecimento de todos os efeitos prejudiciais que o álcool tem sob cérebros ainda em crescimento, e a verdade é que muitos jovens não se sabem controlar.

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