quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A Dissolução do Regime

Ou
A Bela Adormecida, a Confraria de Flautistas, e a Companhia da Ladroagem


Portugal, A Felicidade e A Paz Social
(obtido no site da presidência) 

O incansável Animador, Comentador e Pedagogo de serviço, teria nesta ocasião - Deus lhe desse na política a dignidade e coragem do gélido mergulho público, ou para o público - a imperdível oportunidade de dissolver aquela quimera, aquele indecoroso simulacro de III. ordem, em que se tornou a AR, o Regime, e o sistema partidário. Isto enquanto, adormecidos, lutávamos pela família, pelo emprego, contra a asfixia da tragédia, da burocracia, da intencional inanidade dos telejornais.

É que temos agora a inegável evidência, que apenas pode eludir vítimas de surdez intelectual, da existência de uma autista partidocracia que decide, em benefício próprio, na mais bárbara e degradante violação da moralidade, isentar-se a si própria do pagamento de impostos, impostos esses que sobrecarregam em grau implacável e quase mórbido a restante população de não-privilegiados, de não-amnistiados, de não-fisco-perdoados.

Citando um velho senador do PSD, em óbvio acto falhado ou influência de substâncias, para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei. 

Os Outros somos nós, Portugueses.
A rapaziada dos partidos está só de passagem, a caminho de pousadeiro mais verdejante.


Que do centro PS, PSD e CDS - nada se espere, tange há muito a infeliz situação do País. Além de atitudes que levariam um carteirista a corar de vergonha e um incompetente a sorrir de orgulho.

Neste transe, encontramos as surpresas na periferia, esse logradouro da ilusória superioridade moral.

O BE, como é usual, assume a típica atitude da ratazana que, ao primeiro sinal de polémica, abandona o navio que ajudou a afundar. Está na sua natureza. Até Iscariotes teria sentido o pudor do lenho e da corda.

O PCP, contumácia que se confunde com o paroxismo do fanatismo, insatisfeito com o dízimo que exige aos seus crentes, nada interessado está em pagar IMI sobre o seu colossal património, legado na morte por aqueles que,  em vida, aplaudem selvaticamente os inenarráveis encómios do seu secretário-geral à república progressista da coreia do norte, que sonham com o regresso do velho e decrépito império soviético, e, acima de tudo, com um mundo purgado de patrões - trabalhadores finalmente livres, em horário zero, já sem indigno posto de trabalho (desempregados, em linguagem corrente), com uma guitarra, reunidos em torno do braseiro, cantando, relembrando epopeias imaginárias, aclamando os heróicos obreiros da mítica vitória final.


Na verdade, surpresa não é isso.

Surpresa é insistirem em escapar ao IVA e ao IMI, surpresa são os intermináveis processos da AT sobre o PS, a regularizar por estratagema legislativo. 

Surpresa é o PCP e Companhia
, prudentemente reunidos no silêncio dos claustros da AR, e o seu longo braço armado sindicalista que vê no patronato o flagelo da pátria, não quererem pagar impostos.

Surpresa é o secretismo de que se serve gente com atitudes próprias de uma cambada de malfeitores para lucubrar diplomas imorais com propósitos perversos.

No passado, agora e sempre, a Lei ao serviço do interesse corporativo, sobreposta a toda e qualquer restrição moral.


Surpresa é observar o Presidente dos Afectos, do beijinho, do pastel de nata, do copo meio cheio, do auto comentário político, mais preocupado com a própria imagem do que com o estado lastimoso a que chegou este pequeno paísque cada vez mais oscila entre a bagunça de uma república estudantil e o pesadelo de um escatológico estado falhado centro africano -, nada fazer além de produzir uma sucinta e inócua justificação para devolver o diploma à procedência, esperando que gente sem vergonha sinta, pelo punho ígneo do escrutínio público, o pudor de uma Consciência que aparenta não ter.

Acorde meu caro senhor presidente, acorde dos passeios de província, nem que seja com o frio das abluções marinhas.

Acorde, deixe de tergiversar e de se esconder no subterfúgio da Paz Social, esse termo ridículo, e, à falta de um fio de ariadne, puxe o autoclismo que há-de purgar a bandidagem que continua de mandíbulas aguçadas cravadas no pescoço do Estado, subvertendo a pouca dignidade que ainda lhe resta.

Nunca a necessidade foi tão ensurdecedora. Nunca a democracia se encontrou tão comatosa sob o jugo de um regime tão perverso.

Parafraseando Koestler, o senhor presidente adormeceu e a consciência dos políticos tornou-se na avidez de malfeitores. E o senhor presidente continuou a dormir.

Acorde! Acorde e ganhe coragem! 
Corra com a turba de facínoras que assalta o vilarejo.

Acorde! Acorde e ganhe coragem!
Não adie para 2023 a solução para os mais pobres dos pobres, dos abandonados pelo sistema, dos sem-abrigo, desses seres humanos cujas condições de vida são um escarro na face deste país.

Acorde! Acorde e seja o Leão de que necessitamos em tempo de hienas.
De acomodados mestres de cerimónia já temos aziagas décadas de fastio.

Acorde! Ou saia da frente!
De outro modo ficaremos todos nas mãos de Deus, que tende a olhar estes assuntos mundanos com infinita paciência.

Obrigado somos Nós, todos,
Portugueses.

(nova redacção, por sugestão de uma querida companheira, que me recordou que até um velho samurai sem espada se torna mais apresentável após barba e cabelo e uma breve sessão de fitness) 

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